24 maio 2009

O arquetipo do iconoclasta no cinema - Parte 2 - Coringa, o palhaço sem controle


O coringa representa tudo aquilo que não pode ser controlado no ser humano. Sem escrúpulos ele brinca com as vidas das outras personagens do filme, como se fossem simples “bonecos lego”.
Todo o mistério em torno do personagem é ajudado pelos roteiristas do filme, que sugerem diversas origens para suas deformidades na sua face, em se tratando de cinema isso fortalece a “desconstrução” do personagem, ou seja, quanto menos se conhece, mas temor é passado aos espectadores, não sabemos sua origem, seus pontos fracos, isso torna o Coringa mais potente em seus devaneios.
Analisando a personalidade do Coringa, constata-se, que apesar dele passar muito medo em contrapartida ele possui muito medo. Medo da sua situação como ser humano. Édipo ao reconhecer sua situação, teve um trágico fim. O coringa não aceita o "certo", ele o destrói, o seu objetivo é por fogo no mundo, mostrar que todos os seres humanos são maus por natureza.
Mas paramos aqui, e vamos pensar. O que é a felicidade? É um sentimento, um estado. Podemos estar felizes agora, porém daqui a algumas horas podemos receber uma noticia muito triste. Então, entendo que felicidade é saber conhecer o que é bom e porque não o que é mal também.
A situação aqui é que, o conhecimento nos “aprisiona” a seguir o que é o "certo". O Coringa despreza isso como um guardanapo usado. Ele simplesmente não possui valores humanos e quer afirmar que todos são como ele. Ledo engano. É aqui que reside o medo do Coringa. Ele quer provar que todos são perversos como ele, porém, ninguém é igual a ninguém e melhor, a maioria das pessoas são boas (por incrível que pareça) e não é pelo motivo de existir um Coringa dentro de nós é que devemos matar os mil Gandhi que coabitam na nossa mente.
A identificação com o Coringa parte daí, existe um lado sombrio dentro de nós que estamos dia-a-dia reprimindo pelos valores que adotamos. O bem e o mal são relativos, porém independente disso existem princípios que são universais como a vida do próximo. E quando os barcos não explodem, o Coringa não confirma sua proposição, pelo contrário aquela cena deixa a mensagem que: Nem todo mundo é podre como se imagina que é.




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